Como sempre, nesse lugar ocioso e insensato que conhecemos por internet, qualquer coisa que foge à compreensão dos tuiteiros desempregados de plantão acaba se convertendo imediatamente em um pavio mínimo, em que qualquer pré-hipótese de um perfil de fãs da DC pode ser abraçada como a nova teoria da relatividade e acender uma bomba de não-questão a ser replicada constantemente por pelo menos um dia inteiro. E aí o ciclo se repete.
Em determinado momento da semana o ciclo parou na Warner Bros. e os recentes anúncios de mudança de orientação mercadológica por parte da companhia, principalmente em um de seus galhos mais frutíferos, no cinema e streaming. O primeiro momento que me deparei com tal informação foi um demonstrativo do quanto as coisas se tornam quebradiças conforme são replicadas nas redes sociais. “HBO Max vai acabar”, me disse um amigo. É tentador assumir a visão catastrófica de plantão da Globo quando algo acontece, e isso é um sintoma natural da época em que vivemos. Daí fui a pesquisar e ver que não, a HBO Max não ia acabar, e aquela desinformação na verdade se trataria de uma mudança de curso para a estratégia de streaming da Warner. Ou melhor, uma em um pacote de mudanças, projeções e observações sobre o futuro de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo. E todos esses têm um nome em comum por trás: David Zaslav.
O ex-CEO do Discovery e atual CEO da Warner Bros. dirige a companhia desde a aquisição da WarnerMedia pela AT&T, encerrada em abril deste ano. Um dos primeiros passos de Zaslav no comando foi a contratação de Chris Licht como CEO da CNN após a expulsão de Jeff Zucker no início deste ano, e o fechamento do serviço CNN+.
O cancelamento do projeto de streaming da rede de notícias é, inclusive, um indicativo muito claro de que tipo de CEO Zaslav mostra ser: altamente calcado nos números e projeções. Se no papel não há sentido e a coisa não fique no azul, que seja melhor o seu descarte.
Antes de Zaslav e da fusão entre as companhias, Jason Kilar (ex-CEO) impulsionou o lançamento da CNN+, um esforço de U$ 300 milhões para dar à CNN uma estratégia de streaming digital. Semelhante ao que veio a acontecer com Batgirl, Zaslav decidiu matar o serviço de streaming antes que ele tivesse a chance de provar ser bem sucedido.
No caso de Batgirl, Zaslav optou cancelar um projeto de U$ 90 milhões. Nesse mesmo período, várias outras estratégias passaram a chegar ao público geral, principalmente depois da apresentação do desempenho trimestral da empresa para o mercado, na última quinta-feira (4/8). Entre elas a junção entre o serviço de streaming HBO Max e Discovery+, a mudança na estratégia de lançamento de filmes no Max 45 dias após terem estreado nas salas de cinema e… o cancelamento do novo filme do Scooby Doo.
O Multiv… versus?
No mais recente relatório de receitas e despesas da empresa, no entanto, um aspecto chama a atenção. Sem mencionar nominalmente, a Warner observou que os jogos estariam sendo um "forte contribuinte" para a receita fornecida pelos estúdios de conteúdo de propriedade da Warner Bros. Discovery. Dentro desse segmento estariam inclusos também a DC Comics, a Warner Bros. Television Group New Line Entertainment, a Warner Animation Group, e a Warner Bros. Studios.
Mesmo sem a especificação, os números de jogos da Warner mostram uma força em potencial sendo mantida, e com uma prospecção de futuro positiva. Por exemplo, no mesmo relatório a empresa reforçou que o lançamento de game melhor sucedido nesse período foi LEGO Star Wars: The Skywalker Saga, que traz a adaptação de todos os filmes da franquia para o universo LEGO, e que vendeu 3,2 milhões de cópias em duas semanas.
No ângulo da projeção para o segmento, vários títulos no horizonte podem inspirar uma alavancada para o caminho da empresa, talvez apoiada pelo chefão, talvez não. No momento, ao que parece, ainda não. Mas nesse horizonte um título se destaca.
Multiversus, o jogo publicado pela empresa inspirado em Super Smash Bros., mostra uma estratégia que virou moda na indústria: a de reforçar as suas propriedades intelectuais e prepará-las para eventuais novas formas de monetização no futuro. Nesse sentido, o catálogo de personagens de Multiversus é o seu principal atrativo, que vão de Superhomem, passando por Jake e Finn de A hora da aventura, até Salsicha e LeBron James, que estrelou Space Jam “2”.
Além de ter esse objetivo, Multiversus também se apresenta como um jogo “contínuo”, que sirva como uma plataforma a longo prazo e inspire os seus fãs a pagarem esporadicamente por novos tipos de conteúdo com uma certa regularidade. O que também se tornou uma moda na indústria. Ora, a própria Bungie decidiu lançar Destiny 2 para fazer essa mudança de planejamento e continua até hoje lançando novas sagas no universo do game.
A notícia melhor para a empresa? Ainda esta semana mais de dez milhões de jogadores jogavam o jogo de forma concomitante. Jogo esse que nem sequer foi lançado ainda. Está em beta online aberto. E o potencial pode não se limitar ao Multiversus, mas também ao horizonte que a empresa já compartilhou com o público geral.
Apesar de ser um dos diversos jogos que sofreram atraso este ano (peculiarmente, sofreu 2 este ano, sendo adiado para 2023), Hogwarts Legacy promete ser a primeira experiência de/ou semelhante a mundo aberto do universo mágico de Harry Potter nos games, com a possibilidade de customizar a experiência com uma persona para o jogador e ambientado séculos antes da saga de Harry Potter.
Além disso, a companhia também espera que outras identidades intelectuais possam alavancar ainda mais a receita do segmento de games para o fim deste ano e início do ano que vem. A DC tem uma parte relevante nesse contexto. Mais próximo está Gotham Knights, que traz o grupo de aliados de Batman em um jogo de ação ambientado em… Gotham. O jogo deve ser lançado em outubro deste ano. Além disso, outra promessa está no jogo do Esquadrão Suicida, capitaneado pelo estúdio Rocksteady, da aclamada série Arkham do Batman nos videogames, e esperado para ser lançado no primeiro trimestre do ano que vem.
Por enquanto são algumas das indicações de mercado que possibilitam a análise dessa tendência: de que em meio a muitas mudanças — algumas estruturais — na Warner Bros. Discovery ainda pode haver prosperidade para Zaslav olhar para o papel, ver azul, e não decidir cancelar, sei lá… o Multiversus. Isso seria digno de Kang. Mas aí seria outro estúdio e outra história…
Em determinado momento da semana o ciclo parou na Warner Bros. e os recentes anúncios de mudança de orientação mercadológica por parte da companhia, principalmente em um de seus galhos mais frutíferos, no cinema e streaming. O primeiro momento que me deparei com tal informação foi um demonstrativo do quanto as coisas se tornam quebradiças conforme são replicadas nas redes sociais. “HBO Max vai acabar”, me disse um amigo. É tentador assumir a visão catastrófica de plantão da Globo quando algo acontece, e isso é um sintoma natural da época em que vivemos. Daí fui a pesquisar e ver que não, a HBO Max não ia acabar, e aquela desinformação na verdade se trataria de uma mudança de curso para a estratégia de streaming da Warner. Ou melhor, uma em um pacote de mudanças, projeções e observações sobre o futuro de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo. E todos esses têm um nome em comum por trás: David Zaslav.
O ex-CEO do Discovery e atual CEO da Warner Bros. dirige a companhia desde a aquisição da WarnerMedia pela AT&T, encerrada em abril deste ano. Um dos primeiros passos de Zaslav no comando foi a contratação de Chris Licht como CEO da CNN após a expulsão de Jeff Zucker no início deste ano, e o fechamento do serviço CNN+.
O cancelamento do projeto de streaming da rede de notícias é, inclusive, um indicativo muito claro de que tipo de CEO Zaslav mostra ser: altamente calcado nos números e projeções. Se no papel não há sentido e a coisa não fique no azul, que seja melhor o seu descarte.
Antes de Zaslav e da fusão entre as companhias, Jason Kilar (ex-CEO) impulsionou o lançamento da CNN+, um esforço de U$ 300 milhões para dar à CNN uma estratégia de streaming digital. Semelhante ao que veio a acontecer com Batgirl, Zaslav decidiu matar o serviço de streaming antes que ele tivesse a chance de provar ser bem sucedido.
No caso de Batgirl, Zaslav optou cancelar um projeto de U$ 90 milhões. Nesse mesmo período, várias outras estratégias passaram a chegar ao público geral, principalmente depois da apresentação do desempenho trimestral da empresa para o mercado, na última quinta-feira (4/8). Entre elas a junção entre o serviço de streaming HBO Max e Discovery+, a mudança na estratégia de lançamento de filmes no Max 45 dias após terem estreado nas salas de cinema e… o cancelamento do novo filme do Scooby Doo.
O Multiv… versus?
No mais recente relatório de receitas e despesas da empresa, no entanto, um aspecto chama a atenção. Sem mencionar nominalmente, a Warner observou que os jogos estariam sendo um "forte contribuinte" para a receita fornecida pelos estúdios de conteúdo de propriedade da Warner Bros. Discovery. Dentro desse segmento estariam inclusos também a DC Comics, a Warner Bros. Television Group New Line Entertainment, a Warner Animation Group, e a Warner Bros. Studios.
Mesmo sem a especificação, os números de jogos da Warner mostram uma força em potencial sendo mantida, e com uma prospecção de futuro positiva. Por exemplo, no mesmo relatório a empresa reforçou que o lançamento de game melhor sucedido nesse período foi LEGO Star Wars: The Skywalker Saga, que traz a adaptação de todos os filmes da franquia para o universo LEGO, e que vendeu 3,2 milhões de cópias em duas semanas.
No ângulo da projeção para o segmento, vários títulos no horizonte podem inspirar uma alavancada para o caminho da empresa, talvez apoiada pelo chefão, talvez não. No momento, ao que parece, ainda não. Mas nesse horizonte um título se destaca.
Multiversus, o jogo publicado pela empresa inspirado em Super Smash Bros., mostra uma estratégia que virou moda na indústria: a de reforçar as suas propriedades intelectuais e prepará-las para eventuais novas formas de monetização no futuro. Nesse sentido, o catálogo de personagens de Multiversus é o seu principal atrativo, que vão de Superhomem, passando por Jake e Finn de A hora da aventura, até Salsicha e LeBron James, que estrelou Space Jam “2”.
Além de ter esse objetivo, Multiversus também se apresenta como um jogo “contínuo”, que sirva como uma plataforma a longo prazo e inspire os seus fãs a pagarem esporadicamente por novos tipos de conteúdo com uma certa regularidade. O que também se tornou uma moda na indústria. Ora, a própria Bungie decidiu lançar Destiny 2 para fazer essa mudança de planejamento e continua até hoje lançando novas sagas no universo do game.
A notícia melhor para a empresa? Ainda esta semana mais de dez milhões de jogadores jogavam o jogo de forma concomitante. Jogo esse que nem sequer foi lançado ainda. Está em beta online aberto. E o potencial pode não se limitar ao Multiversus, mas também ao horizonte que a empresa já compartilhou com o público geral.
Apesar de ser um dos diversos jogos que sofreram atraso este ano (peculiarmente, sofreu 2 este ano, sendo adiado para 2023), Hogwarts Legacy promete ser a primeira experiência de/ou semelhante a mundo aberto do universo mágico de Harry Potter nos games, com a possibilidade de customizar a experiência com uma persona para o jogador e ambientado séculos antes da saga de Harry Potter.
Além disso, a companhia também espera que outras identidades intelectuais possam alavancar ainda mais a receita do segmento de games para o fim deste ano e início do ano que vem. A DC tem uma parte relevante nesse contexto. Mais próximo está Gotham Knights, que traz o grupo de aliados de Batman em um jogo de ação ambientado em… Gotham. O jogo deve ser lançado em outubro deste ano. Além disso, outra promessa está no jogo do Esquadrão Suicida, capitaneado pelo estúdio Rocksteady, da aclamada série Arkham do Batman nos videogames, e esperado para ser lançado no primeiro trimestre do ano que vem.
Por enquanto são algumas das indicações de mercado que possibilitam a análise dessa tendência: de que em meio a muitas mudanças — algumas estruturais — na Warner Bros. Discovery ainda pode haver prosperidade para Zaslav olhar para o papel, ver azul, e não decidir cancelar, sei lá… o Multiversus. Isso seria digno de Kang. Mas aí seria outro estúdio e outra história…