Começando pela premissa básica do jogo, a qual mantenho as criativas palavras dos desenvolvedores: “Estamos no futuro distante e Milo redescobriu a Terra! Ele entraria para a história, mas como ele aterra no planeta encontra um problema... Ele é tão pequeno como um centavo. E todos se foram. E ainda são os anos 90.”
A própria sinopse de Tinykin é um presságio sobre a bela simplicidade existente em sua mecânica. A partir dela o jogador passa a explorar diversos cômodos e, como ele tem o mesmo tamanho de um centavo, esses lugares se tornam mapas grandes e cheios de detalhes. Mas a primeira surpresa do game começa aqui, quando descobrimos que não são apenas cidades habitadas por pequenas criaturas. São pequenas nações com suas próprias culturas, crenças e até uma religião que ouve o cântico de um som sendo tocado em um CD player.
A fórmula clássica dos plataformas 3D também é mantida: ao longo do caminho, o jogador coleta pequenas criaturas que te ajudarão ao longo do caminho. Nesse ponto, os tinykin formam uma mecânica semelhante à de Pikmin, o clássico da Nintendo. Todavia uma mecânica muito mais simplificada. Aqui, a Splashteam optou por percalços e soluções mais basilares para a exploração dos cenários, como: os tinykins vermelhos são necessários para explodir obstáculos, os verdes para escalar locais inalcançáveis, rosas para movimentar, coletar e reunir objetos, os azuis para fazer correntes elétricas, e por aí vai.
A escolha por problemas e soluções mais simplificadas, para mim, é o principal fator que torna Tinykin tão divertido. É aquele joguinho que você provavelmente vai ligar no domingo à tarde e fingir que está doente na segunda-feira para continuar jogando. Não que eu recomende fazer isso. Ou já tenha feito… Enfim.
Existe uma compreensão de que o que é simples muitas vezes é considerado incompleto, pobre, menor. Se alguma coisa, Tinykin desmistifica essa impressão da forma mais elegante. E isso não é exclusivo desse jogo de plataforma 3D. Prezar pela simplicidade, inclusive, é o que vejo como um dos fatores fundamentais para um jogo desse gênero. Ora, em Hat in Time seu objetivo é muito parecido: explorar lugares, reunir colecionáveis, e ficar insano com um papel de alumínio na cabeça até fazer 100% em tudo. Isso quando 100% é o limite…
O ato de coletar, tanto seus companheiros tinykins como os colecionáveis (que parecem deliciosas pipocas douradas), é recompensador e satisfatório. Isso muito pelo que defino como o ‘método de recompensa Nintendo’, em que a resposta por uma coleta de um colecionável ou algo semelhante é sempre acompanhado de um efeito sonoro ou de uma melodia satisfatória. Assim forma-se o ritmo de jogabilidade de Tinykin. Onde seus atos são recompensados por algo como se fosse aqueles vídeos de páginas de vídeos satisfatórios no Instagram. Só que no formato de áudio. E de jogo. Você entendeu...
Assim, ato de explorar é satisfatório tanto no caminho quanto no destino. Ao descobrir como aquelas pequenas criaturas lidam com o planeta e suas cidades, e o que acham daquilo tudo, os desenvolvedores tornam a criação de mundo do jogo um outro atrativo relevante. A riqueza em detalhes, dada a dimensão do mundo, é também super agradável.
Detalhes como caixinhas de papelão ou vãos de prateleiras ornados por pequenos móveis (mesas de caixa de fósforos, borracha como mesa, e tachinhas como banco de bar) criam uma ambientação mini-mini-minimalista muito interessante.
A forma como os níveis foram planejados também contribui essa perspectiva de recompensa constante. Se há um problema nisso, é o fato do jogo nunca te fazer sentir uma ameaça, mesmo que eu acredite não ser um objetivo dos desenvolvedores. Ainda assim, é algo que fez falta na minha experiência. A preocupação com uma música que reúne a ambientação divertida e instigante de Tinykin também é outro chamativo. Há certamente um foco em detalhes em suas trilhas divertidas e agradáveis ao longo da sua jornada.
Tinykin reúne todas as características de um jogo de plataforma 3D e quebra-cabeças simplificado que pode, sem sombra de dúvidas, entrar na primeira prateleira de melhores jogos de 2022. Também pelo excelente timing de seu lançamento em um ano quando a maioria dos lançamentos foram varridos para 2023. Mas, às vezes, a máxima é correta, e é mais necessário estar no lugar correto, na hora certa, do que qualquer outra coisa…