Parte disso é o que me fez refletir se realmente Vigaristas em Hollywood seria uma comédia, sem qualquer ironia até esse marco dos 15 minutos. O argumento do filme, por si só, que também é revelado naquele exato ponto da metragem, não deixa dúvidas: é para ser... Um produtor endividado contrata uma estrela aposentada dos westerns para juntar dinheiro de uma forma questionável? Tô dentraço. Um elenco titânico trazendo essa história com referências e acenos aos bastidores da indústria? Excelente. Péssimo.
Aqui acompanhamos Max Barber (Robert De Niro) e Walter Creason (Zach Braff), dois produtores endividados ao decidirem executar um filme western com um único objetivo: dar errado. Para isso contratam Duke Montana (Tommy Lee Jones), uma estrela western aposentada e suicida.
A execução de tudo a partir de um argumento sólido deixa ainda mais confuso entender como surgiu o esforço de criar piadas insossas e minimamente engraçadas a partir desse contexto, em meio a uma fraca construção de personagens (excessão ao de Tommy Lee Jones).
Há aqui um certo esforço do diretor e roteirista George Gallo (que divide o texto com Josh Posnet e Harry Hurwitz) principalmente em como se dá o uso de elementos sonoros que ‘invadem’ o ambiente dos personagens, seja uma britadeira em meio a uma conversa sobre o roteiro daquele filme que será feito ou os aviões passando pela casa de Barber — pontualmente nos momentos de ameaça ou de maior tensão com a máfia.
Gallo tenta pontuar trejeitos exagerados dos personagens também com efeitos sonoros quase cartunescos, dignos de Looney Toones. Aqui me lembro do personagem de De Niro gritando “Uoooou” após ser impulsionado por uma explosão mortal de gás. Outro trejeito muito óbvio do diretor está na forma como essa escolha pelo exagero é apontada em ângulos hiperbólicos - seja um ângulo baixo que precede um evento relevante ou interações diretas com a câmera, como na cena do asilo ou De Niro interagindo com a TV após o dito evento.
São aspectos que o diretor e equipe incluem que flertam com o camp (escolha deliberadamente brega) mas esbarram no roteiro limitadíssimo que não supre minimamente uma comédia. O exagero aqui ocorre em momentos raríssimos e no vácuo entre eles não há mais nada que mantenha essa identidade. Com isso o resultado acaba sendo um estranhamento nas cenas, que instiga um exercício deliberado quase frequente de manter a atenção ao que está acontecendo.
Se Vigaristas em Hollywood não fosse uma comédia, talvez fosse uma experiência mais proveitosa. Isso porque filmes de comédia precisam ter piadas, pelo que eu ouvi falar. E o oposto que ocorre aqui. É uma ideia interessante, focada em uma quase paródia com os bastidores de Hollywood, mas esbarra, acima de tudo, em um roteiro que não apresenta nada além de um argumento interessante. Nesse cenário, tentativas mais “técnicas” parecem simples enfeites em um terreno baldio.