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Wario Ware não foi feito pra jogar sozinho (e isso é óbvio)


A caminhada da Nintendo no ofício de desenvolver seus jogos é curiosa. É a casa de personagens clássicos — inclusive para a cultura pop em geral. Disso todo mundo sabe. Algo que também é curioso reside na capacidade da companhia criar novos personagens decorrentes de sua franquia mais proeminente.

De Mário surgiram não só jogos contemplados como tentativas da franquia em outros gêneros, como RPG, tático, corrida e jogos de tabuleiro; isso sem falar da celebração de todas as franquias da Big N que virou corriqueira em Smash.

Essas jornadas também formaram o embrião de franquias novas baseadas unicamente em personagens secundários, como foi o caso de Yoshi, Captain Toad, e, para este caso em específico, a mais estranha de todas: Wario Ware.

Nessa nova jornada lançada este mês para o Nintendo Switch -naturalmente exclusivo- o modo história do jogo mostra o dito ‘primo’ do encanador desenvolvendo seu mais novo jogo, numa ambientação estranhamente metalinguística.

Neste cenário, Wario obviamente está ferrado. Isso porque um jogo concorrente está desbancando toda e qualquer possibilidade de novos jogadores para seu game e também um fato ainda mais relevante: sua obra está cheia de bugs. Cabe ao jogador, então, ‘limpar’ o jogo através de diversos cenários diferentes.

É uma construção criativa e encaixa bem ao que WarioWare se propõe: resolver desafios ‘físicos’ dentro de um limite de tempo, sendo que aqui a recompensa do raciocínio rápido está totalmente ligada às resoluções engraçadas que surgem a partir daí. Dentro de cada nível, o jogador escolhe um grupo de vários personagens diferentes baseados em locomoção. Eles irão enfrentar uma sequência de pequenos desafios simples de jogabilidade ambientados em desenhos absolutamente insanos.

É aí que está o destaque e a recompensa de WarioWare. Em minigames como, por exemplo, tirar a máscara de beleza de uma moça ou um rapaz belo, ficar dentro dos espaços da arcada de um banguela durante uma mordida, tirar o pelo do sovaco de uma estátua grega ou entrar na narina de um dos chefões.

O jogador que abrir esse jogo será recebido com esse tipo de aleatoriedade, que sempre quando concluídas, resultam em cenários ainda mais bizarros, como os próprios dentes -que restaram- do banguela, uma resposta satisfatória da estátua grega, ou o sorriso do belo rapaz e da bela moça após um tratamento cutâneo totalmente resolvido.

Aqui a recompensa surge não de somente ter resolvido os desafios, mas também de ver qual ilustração/animação absurda te aguarda ‘do outro lado’. Para isso, todos os personagens do jogo são centrados um uma mecânica específica: navegação e interação com o cenário . É assim que os desafios podem ser resolvidos de forma mais fácil ou difícil, dependendo do personagem. Uma dica: sempre escolha Wario.

Outro aspecto que contribui para essa ‘recompensa’ está na direção artística de WarioWare. Como sempre, ela é baseada em tudo e qualquer coisa, mas não deixa de fazer sentido dentro do jogo. Nos desafios, principalmente, é possível ver desenhos escritos a mão, cenários com paletas estridentes, imagens fotorrealistas misturadas com assets mais ‘infantis’, etc.

A cada cenário completado o jogador pode desbloquear um dos companheiros de Wario que irão ajudar o “desenvolvedor” a resolver os níveis seguintes. Cada mundo dentro do modo história é baseado em uma temática. Isso permite que os desenvolvedores da Nintendo explorem desafios quase lisérgicos e criem aleatoriedades muito recompensadoras, como, por exemplo, a possibilidade de jogar toda uma fase de Super Mario World para Super Nintendo com personagens diferentes. Uma outra dica: a ambientação baseada nos jogos da Nintendo. Não é necessariamente uma dica, como você vai ser obrigado a jogar essa parte…

Continuando. É louvável a criatividade transmitida nos minigames inclusos em WarioWare. Mas a grande parte desses níveis perde muito quando são jogados por uma só pessoa. Neste contexto específico, é quase indissociável a comparação entre o jogo e Mario Party. Pense que jogar WarioWare sozinho é quase como jogar o próprio Mario Party sozinho. O principal nesses jogos é o contexto ‘social’ gerado a partir de desafios simples, assim como os principais party-games indies como TowerFall, por exemplo.

Neste caso, como a principal recompensa são as animações, e as animações são limitadas, o título perde a graça numa rapidez vertiginosa. Este cenário, no entanto, muda quando o jogo é jogado entre duas pessoas ou mais.

Principalmente fora do modo história, onde existem minigames mais longos para serem completados. No modo para uma só pessoa esses minigames mais longos estão presentes somente nas lutas com os chefes na fase final dos mundos.

Neste sentido, Wario Ware: Get It Together tem a alma, a capa, e a jogabilidade de um party-game. Isso porque… WarioWare é um party game. Talvez eu precise pular pro próximo parágrafo.

WW: Get It Together é um excelente party-game, com excelentes desafios e uma direção de arte variada e criativa, que é 100% mais divertido quando jogado com duas pessoas ou mais. Então se o seu caso é como o meu e você não tem amigos, talvez só valha a pena comprar quando estiver em promoção. É isso. Vou lá chorar no banho.

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