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Ghostbusters: o oxigênio da juventude


Ninguém tinha pedido, mas Hollywood encontrou uma forma de resgatar a franquia Ghostbusters, que fez sucesso nos anos 1980 e caiu no ostracismo em décadas posteriores.

Houve até mesmo uma promessa de um terceiro filme, o qual não decolou.Até que, em 2016, o cineasta norte-americano Paul Feig - conhecido por filmes como Missão Madrinha de Casamento (2011) e A Espiã Que Sabia de Menos (2015) - decidiu pegar para si essa tarefa. 

Entrou na tendência de refilmagens de filmes históricos, a partir de um elenco feminino, e conseguiu emplacar um bom filme, com uma boa bilheteria e repercussão na indústria.

No entanto, a opção por uma veia mais ácida - e de tom exageradamente panfletário - à moda de atrizes de comédia como Melissa McCarthy e a hilária Kate McKinnon, fez parecer um longa à parte da franquia. 

Embora tenha sido um esforço louvável, é com Ghostbusters: Mais Além, em exibição nos cinemas, que a franquia pode sonhar em ter uma sobrevida. 

Um novo olhar
Se na tentativa anterior tentou-se resgatar a série de filmes por meio de uma versão feminina dos caça-fantasmas - ressoando com as necessidades do público na época -, o ângulo do mais novo filme da série também atende à preferência do telespectador hoje.

Puxado por obras de mistério, principalmente Stranger Things, Ghostbusters: Mais Além investiu na leitura infanto-juvenil da história, colocando os mirins Finn Wolfhard (o Mike de… Stranger Things) e McKenna Grace (egressa da Disney) como ponto central da nova trama.

Escalaram um time de peso para dar suporte aos novos protagonistas: Paul Rudd, que aqui faz o adulto descolado Mr. Grooberson, e Carrie Coon (“The Leftovers”), que interpreta a mãe de Wolfhard e Grace na obra, respectivamente, os personagens Phoebe e Trevor. 

Não dá para evitar a comparação com obras antigas, como Conte Comigo (1986), ou até mesmo as mais novas, como a própria Stranger Things (2015). Não tanto em ambiência, mas no sentido de colocar personagens infanto-juvenis em uma trama sobrenatural, além de suas capacidades, com o plano de fundo que versa sobre o amadurecimento.

Frescor
Ainda que não pareça exatamente uma novidade, a nova abordagem caiu como uma luva em Ghostbusters. Saem marmanjos como Bill Murray e Erne Hudson, ou pesos-pesados da comédia como Melissa McCarthy e Kate McKinnon, para o olhar oxigenado e sempre tentador dos adolescentes. 

Na história, após a morte do pai, Callie (Coon) vai ao interior rural de Oklahoma para lidar com os bens deixados por seu progenitor. Especificamente uma casa aos pedaços, cheias de quinquilharias místicas e científicas. Claro, porque seu pai é ninguém mais, ninguém menos que Ray Stantz (Dan Aykroyd), um dos caça-fantasmas original. 

Leva junto seus filhos, Trevor e Phoebe, que logo entram no modo “criança da cidade grande protesta ao ir para a pequena”. Aqui, fazem amizade com o professor, Mr. Grooberson (Rudd), que interpreta o personagem “legalzão” que o deixou famoso.

Mesmo que essas características pareçam regurgitadas, em Ghostbusters - que andava meio sem rumo - acabam por tomar corpo e tornar a obra extremamente divertida e envolvente.

O fator Reitmen
Eventualmente, a trama leva à fuga de vários fantasmas e entidades que precisam ser combatidas por Trevor e Phoebe, conduzidas de forma eficiente pela produção. Muito disso deve-se à direção de Jason Reitman, o cineasta por trás de obras como Juno (2007), Amor Sem Escalas (2009, indicado ao Oscar), Tully (2018), entre outros.

Reitmen consegue equilibrar as doses de tensão e aventura com pitadas certeiras de humor. É onde o roteiro brilha, uma vez que consegue realizar isso sem soar cansativo ou datada.

Conta também a experiência do diretor em contar histórias de amadurecimento e de adultos em crise de meia-idade, o que consegue acrescentar na obra uma característica que deixaria John Hughes orgulhoso.

Os efeitos visuais, que valorizam a vastidão da natureza no campo, terminam por ficar em segundo plano, já que o roteiro afiado não dá espaços para reflexões estéticas ou para o próprio conceito farsesco de haver caçadores de fantasmas entre nós.




Após anos de tentativas, finalmente Ghostbusters tem um representante fiel deste século às obras de outrora, sem soar datado ou fora de lugar. Com a apresentação de um elenco jovem, a produção também reflete que pretende dar vida longa aos novos caçadores de fantasmas.
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