NOTÍCIAS

Taylor Swift busca por identidade em Folklore

Já faz algum tempo que a cantora norte-americana Taylor Swift luta, quase que obsessivamente, por um reconhecimento que retire o verniz de “boa garota” a qual foi associada a maior parte de sua carreira. A batalha, bem abordada no documentário Miss America (Netflix), agora desemboca no seu disco recém lançado Folklore. 

É o segundo disco da ex-estrela country pop na gravadora Republic, da Universal Music Group, em meio ao imbróglio com os empresários Scott Borchetta e Scooter Braun, da Big Machine Records - empresa que detém os direitos dos cinco primeiros álbuns da artista. 

A nova casa dá, portanto, um sentimento de novos ares para a maior estrela do pop atual. Em Folklore, não sobram referências às amarras de sua posição no show business e ao processo que a levou a dar a guinada mais surpreendente em sua carreira até agora.

Lançado de surpresa em meio à pandemia, Folklore é um álbum intimista, maduro e muito diferente dos sucessos de arena que a alçaram à fama e ao estrelato. As novas parcerias da cantora ajudam a entender essa imersão no indie folk. 

Taylor deixa de lado sua numerosa equipe de colaboradores - foram cinco produtores no lançamento anterior, Love (2019) - e passa a contar com apenas dois, incluindo o parceiro de longa data Jack Antonoff.

Mas a parceria mais surpreendente foi com o guitarrista Aaron Dressner, do melancólico grupo folk The National. O músico é creditado como co-autor em nada menos que nove das 16 músicas do álbum, entre elas o single principal Cardigan.

Embora o gênero adotado por Taylor seja diferente do habitual, ainda há pontos de identificação com aquilo que a cantora sempre fez: a forte narrativa ficcional - ainda que autobiográfica -, ecos do country do início de carreira e algum pastiche pop, especialmente na primeira metade do disco. 

No entanto, é a partir da quarta faixa, Exile (com participação do grupo folk Bon Iver, e uma das melhores do disco), que o álbum ganha tração e se entrega ao novo direcionamento. Há uma boa sequência de músicas de andamento suave, ambientação etérea e influências até do dream pop dos anos 1990 (Mirrorball, This Is Me Trying e Epiphany, são os maiores exemplos).

Em cima do muro

O álbum tem defeitos. Há uma hesitação, principalmente na performance vocal, nas faixas mais acústicas do disco, dando a impressão de que colocou um pé atrás e outro dentro em sua evolução musical. Em especial naquelas músicas em que tenta manter algum resquício do passado como The 1, Cardigan e The Last Great Dynasty - a primeira metade do álbum.

Mas o ponto fraco do disco é uma desnecessária sequência de músicas esquecíveis que começa na insossa Illicit Affairs até Mad Woman, e nas três últimas: Betty, Peace e Hoax.

Nesse sentido, o  álbum peca por ter mais faixas que o necessário, representando um obstáculo para tornar-se mais memorável para além de seu público-alvo. 

Importância

O disco já quebrou alguns recordes e é o mais vendido do ano até o momento. Além do mais, é uma guinada importante para mostrar aos artistas familiarizados com o Top 10 da Billboard que o risco faz a arte valer a pena; algo que faz bem ao mercado e à música de maneira geral.

Dentro do contexto da busca por reconhecimento e relevância, é um acerto de Taylor. Caso mantenha-se nesse caminho, poderá ter êxito em ser conhecida pela autenticidade e diferença para com seus colegas de parada. Não se surpreenda se começar a pipocar música folk por aí. 


Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato