Na corrida de fim de ano, quem larga atrás é a Sony

 

Atrasos nos lançamentos de jogos não são e provavelmente nunca deixarão de ser comuns. Na indústria, o paradoxo primordial está na noção de que talvez seja melhor mesmo adiar um lançamento e o jogo ser lembrado por seus atrasados aspectos positivos do que ter somente um lançamento terrível na memória — CD Projekt, estamos falando de você mesmo.

De todas as empresas que anunciaram jogos e as datas de lançamento, a que menos terá títulos nesta temporada este ano será a Sony, e isso ficou ainda mais claro após o lançamento dos últimos principais lançamentos para o PlayStation 5 este ano: Deathloop e Kena: Bridge of Spirits. Ambos vistos como os principais títulos da empresa para a temporada comercial mais movimentada da atualidade capitalista. Eu explico mais sobre esse contexto em minha análise de Kena. O jogo independente foi tratado — em termos publicitários- como um exclusivo da cia nipônica até o dia de seu lançamento.

Em outubro, às vésperas dos meses festivos e de maior movimento nas vendas de jogos e consoles, uma coisa se destaca: é destoante a ausência dos grandes títulos de PS5 para o natal de 2021. O cenário fica ainda mais contrastante quando se observa os lançamentos de competidoras diretas no mercado, como Microsoft e a própria Nintendo.

Isso tudo fica evidente ao entender o que levou a este contexto. A marca PlayStation teria pelo menos três jogos que sairiam durante esta temporada de natal, lançamentos proeminentes, de franquias já consolidadas ou promissoras sob a tutela de grandes nomes, e que foram adiados este ano.

O primeiro título, divulgado ainda no anúncio do novo console como uma das forças motrizes da primeira leva de exclusivos do PlayStation 5 foi Gran Turismo 7. Em fevereiro deste ano a Sony informou que o desenvolvimento seria atrasado por conta de “desafios de produção” decorrentes da Covid-19. Segundo a empresa, a situação teria criado “uma situação dinâmica e mutável e alguns aspectos críticos da produção do jogo” teriam sido “retardados” nos últimos meses.

Recentemente a Sony anunciou o lançamento do jogo para 4 de março de 2022, junto a um vídeo de jogabilidade da obra. Promete respeitar conceitos clássicos da série como os menus ‘chiques’ ornados por um jazz fusion relaxante, e o clássico “car porn” presente em todo o jogo que almeje a alcunha de simulador de corrida. Veja abaixo:

O segundo atraso no lançamento foi anunciado cinco meses depois. Em julho, a Sony anunciou que o jogo do criador de Resident Evil — Shinji Mikami — , GhostWire: Tokyo, previsto para sair este mês (outubro de 2021), foi realocado também para o início de 2022. Outro desdobramento dos percalços decorrentes da pandemia.

Logo depois, também em julho, a Sony confirmou que o seu principal lançamento de 2021, previsto para a temporada festiva de fim de ano, Horizon Forbidden West, seria adiado para 18 de fevereiro de 2022. A companhia anunciou o adiamento de God of War: Ragnarok. No entanto, este provavelmente não sairia até a temporada de fim de ano devido à baixíssima quantidade de detalhes, cenas de gameplay ou até mesmo literalmente ‘tempo de tela’ do que será a continuação do aclamado título de 2018. Algo que todos os anteriores tiveram.

Outros corredores

Ao tempo em que a companhia nipônica estima seus maiores lançamentos para o primeiro quarto do ano que vem, a concorrente direta, Microsoft, se vê do lado oposto. Há quem diga que esse tipo de estratégia é combinada entre duas companhias, que apenas percebem a dualidade entre os fãs como uma galinha gorda dos ovos maciços de ouro. O que eu não duvido. Neste caso, no entanto, não parece ser o caso. Isso porque as vendas de natal, principalmente no mercado estadunidense, correspondem a quase metade da receita acumulada durante o ano todo.

É importante, mas também não é só sobre o dinheiro. Falemos do motivo pelo qual queremos jogar nossos papeis na tela da TV ou do computador: os jogos. Acontece que este ano a Microsoft e seus estúdios prepararam grandes lançamentos para o período que antecede até os dias festivos de fim de ano. Curiosamente, em contraste à Sony, a Microsoft tem, de fato, três títulos exclusivos que podem impulsionar as vendas neste Natal.

O primeiro deles é o fim da espera pela retomada da série de estratégia em tempo real, Age of Empires IV, produção da Microsoft Studios até o momento anunciado como exclusivo para Windows. O jogo chegará à plataforma em 29 de outubro. O próximo lançamento magnânimo em preparo para o fim de ano é voltado à nova geração — mas também estará disponível para o PC. Em 9 de novembro a série que bate de frente com Gran Turismo 7 chegará aos consoles ‘caixistas’, em Forza Horizon 5.

Por fim, Halo, a franquia mais querida dos fãs de Xbox ganhará, por fim, uma sequência. O sexto título da série ‘original’, Halo: Infinite, será lançado em 8 de dezembro, literalmente às vésperas do natal.

E quem sempre é deixado de fora nessas comparações, mas todo fim de ano ou de ano fiscal apresenta números sólidos? Isso mesmo, Stadya. Brincadeiras à parte, a Nintendo também terá bons lançamentos em 2021. E com promessas equiparadas à Sony no ano que vem, como, por exemplo The Legend of Zelda: Breath of The Wild 2, Splatoon 3 e por aí vai.

O primeiro da lista se equipara em magnitude a Halo. Metroid: Prime, cujo também analisamos esta semana, chegou oficialmente em 8 de outubro, após muito tempo de fãs da série ávidos por um novo jogo. Mario Party Superstars pontua o fim de outubro, lançando em 29 do mês, e prepara os jogadores para um novembro portentoso da Nintendo.

Em 12 de novembro a celebrada franquia Shin Megami Tensei ganha seu quinto título, seguida pelo remaster da quarta geração de jogos Pokémon, em Brilliant Diamond e Shining Pearl, no dia 19. Dezembro encerra um ano forte da Nintendo com o reboot do clássico para GameBoy Advanced, Advance Wars 1 e 2 e o visual novel Danganronpa, que chegarão às lojas no mesmo dia (3/12).

Em comparação à Sony é uma enxurrada de exclusivos, que, pela primeira vez desde que a companhia vem investindo em propriedades intelectuais, pode perder um grande espaço e, de fato, largar por último na corrida rumo às vendas de Natal.

Álvaro Viana

Jornalista político, tem 30 anos, apaixonado pelo mundo dos games, cinema, e o ofício de analisar esses temas de forma criativa. Trabalhou com análise de jogos para o jornal Correio Braziliense e outras publicações e edita tudo que você lê neste site. Quando sobra tempo cura memes, reclama no tuiter, e testa novos templates pra loady!

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